domingo, 14 de agosto de 2011

Mel brasileiro conquista mercado internacional


ASN - MA
Produção de mel no Brasil é de alta qualidade e livre de defensivos agrícolas
Mel brasileiro conquista mercado internacional
Fonte: Finep
Apicultura brasileira cresce e amplia sua participação no mercado internacional

A apicultura no Brasil passou de um uma simples produção limitada destinada ao consumo local, para um dos maiores produtores de mel do mundo. Hoje, o país é o 11º mais importante produtor mundial e o 5º em exportação. O mel brasileiro é cobiçado pelos principais mercados internacionais, principalmente os Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, que juntos importam mais da metade do mel brasileiro. Um dos motivos desse interesse é que a produção apícola no Brasil é livre de defensivos e tem um excelente padrão de qualidade. 

O Nordeste é a região que mais avança em produção e exportação de mel. Entre os dez maiores exportadores do país, a região é representada por cinco estados, mais que qualquer outra região. Parte desse crescimento vertiginoso do Nordeste se deve aos programas de incentivo e capacitação, como o Projeto Apis, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae. 
A publicação “Mercado brasileiro conquista o mercado externo”, produzida pela Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, conta a história de sucesso da apicultura no Brasil. 

GESTAPI - GESTOR DE ATIVIDADES APÍCOLAS



O QUE É
O Gestor de Atividades Apícolas (Gestapi) é um programa que propicia um melhor gerenciamento da atividade apícola, por meio de ferramentas voltadas para a excelência em gestão de apiários. A metodologia do programa Gestapi oferece mecanismos que auxiliam diretamente no controle da produção do mel, modos de obtenção de custo fixo, variável e de projeção do preço de venda, facilitando dia a dia do produtor por meio da adoção de técnicas de gestão com foco na melhoria da produtividade.

O programa Gestapi foi desenvolvido e fundamentado com base nas experiências vivenciadas e estudadas através do projeto pioneiro do Sebrae-TO, "Desenvolvimento da Apicultura da Região Sul do Tocantins", realizado no período de 2004 a 2007. As atividades e ações implementadas pelo projeto contaram com aplicação da Metodologia Apiário de Referência e foco direcionado para o fortalecimento da cadeia apícola do Tocantins. Hoje, o Gestapi está sendo disseminado para outras regiões do país junto a produtores rurais, técnicos do setor, unidades do Sebrae e parceiros.


Acesse:  http://gestagro.to.sebrae.com.br/

Livreto para Crianças sobre a vida da Jandaíra



Livreto para Crianças sobre a vida da Jandaíra

Desenhado por Vaneide Nascimento

Existe um velho muito simpático chamado seu João. Este senhor mora em Brejinho, região serrana do município de São José do Sabugi, estado da Paraíba. Apesar do nome, a vegetação do local era composta por uma caatinga rala, com alguns remanescentes de árvores grandes, que faziam seu João lembrar da sua infância e juventude. Pedro, seu netinho, adorava ouvir as histórias que seu avô João lhe contava ao entardecer.

Vô João dizia que nos tempos em que era jovem havia muito mais árvores neste local: Braúnas, Imburanas, Catingueiras, Aroeiras e muitas outras. Mas então veio o ciclo do algodão mocó, o chamado ouro branco. Aí todo mundo começou a derrubar a caatinga para plantar algodão. Na época foi bom porque as pessoas vendiam o algodão e ganhavam dinheiro. Mas depois, parece até que por castigo, veio o besouro bicudo e acabou com tudo. E o pior é que a caatinga já tinha sido cortada, derrubada e a coivara feito cinza da vegetação.

Além disso hoje existe a pecuária, a retirada de lenha e o carvão. As pessoas ainda não sabiam, e muitas até hoje não sabem, que a maior riqueza do seridó está nas plantas da caatinga, na manutenção de um equilíbrio com as outras atividades do homem. As folhas e vagens da Catingueira, por exemplo, servem de alimento para o gado; seus troncos são usados para fazer cercas e mourões, estacas, lenha e até carvão. Suas folhas, flores e cascas servem para fazer chá para te curar quando você está com catarro, diarréia ou disenteria. Vô João levou Pedrinho para ver o grande pé de pau de Catingueira, que já tinha lá seus dois metros quando vovô era pequeno. Pois agora a árvore possuía uns 10 metros de altura e já tinha alimentado muito gado nos tempos de seca.


Essa história foi montada através de conversas com o sr. João, um morador da região


Mas o que seu João gostava de ver mesmo eram os muitos ninhos de amarela, zamboque, canudo e até de jandaíra que a velha Catingueira abrigava e protegia em seus ôcos. Por isso, vovô João, junto com seu neto Pedrinho, plantou um pé de Catingueira. Depois ensinou a Pedrinho como cuidar da árvore para que ela crescesse e ficasse tão grande e resistente quanto a velha Catingueira. Pois assim, além de sua refrescante sombra, ela serviria de abrigo para muitos ninhos de abelhas e também alimentaria muitos animais. Seu João contou também que até as flores da Catingueira serviam para alimentar as abelhas e estas, como que em troca de favores, polinizavam as flores aumentando a produção de vagens e sementes que, por sua vez, iriam produzir muitas outras novas árvores. Certo dia Pedrinho viu um casal de pica-pau fazendo ninho na velha Catingueira.

Saiu correndo em disparada para contar a seu avô que os pássaros estavam destruindo a árvore que ele, seu João, tanto gostava. Ao encontrar o avô já foi logo falando esbaforido, ao mesmo tempo que tentava retomar o fôlego. Qual não foi o seu espanto, quando seu João lhe disse para se acalmar e convidou-o para voltar à árvore e observar o casal de pica-paus cuidar da sua prole. Seu João lhe disse então que os pica-paus comiam os morotós e carunchos que furavam os troncos das árvores e seus ninhos, além de não matar as árvores, ajudavam a criar os ôcos onde as abelhas depois viriam construir suas moradas, e completar assim o ciclo de vida destas espécies.

Meliponicultura em Mossoró-RN


Meliponicultura em Mossoró-RN

Ayrton Vollet Neto1, Cristiano Menezes2 e Vera Lucia Imperatriz Fonseca3 
1. Universidade de São Paulo - Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP) 
2. Bolsista Prodoc/CAPES - Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA) 
3. Universidade de São Paulo - Instituto de Biologia (IB-USP) e Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA) 
Autor para correspondência: ayrtonvollet@gmail.com

Com o slogan "Mossoró da Gente", esta cidade do interior do RN chama a atenção pelo processo acelerado de desenvolvimento em que se encontra. A economia é movimentada principalmente pela produção de sal marinho, fruticultura irrigada voltada para a exportação, além de ser o maior município produtor de petroleo em terra do país (Fonte: Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Mossor%C3%B3#Setor_secund.C3.A1rio acessado em 03/11/2010). Mas o que mais me chamou a atenção nesta bela cidade - apesar de eu ser suspeito para falar - foi a meliponicultura. 

Em Mossoró a meliponicultura está fixada nas raizes do povo. Lá, ao se perguntar para qualquer pessoa onde se encontra mel, é possível receber a resposta, "de Europa ou Jandaíra?". Eu nunca havia ouvido esta resposta, é raro encontrar alguém que sabe que outros tipos de abelhas existem. Conhecer o mel das abelhas nativas então, isso foi inédito para mim. A maior surpresa veio ao fazer compras em um grande supermercado da cidade, onde encontramos nas prateleiras uma embalagem de mel de jandaíra, com registro junto à Secretaria de Agricultura do RN, retirado e processado em casa de mel e tudo mais (Figura 1 e 3). O responsável por este produto estar naquela prateleira é o Sr. Paulo Menezes, o maior meliponicultor da cidade. 

Dono de grande simpatia e gosto pela conversa, principalmente sobre as abelhas, o "Seu Paulo", como é chamado, possui cerca de 600 colônias de jandaíra (Melipona subnitida) espalhadas pelo sertão nordestino (Figura 2). Com uma organização que não se vê comumente por aí entre os meliponicultores, ele produz e comercializa dentro do estado do RN cerca de 300 litros de mel por ano, com a marca "Mel Menezes". Ele, somado à iniciativa de minha orientadora, Profa. Vera Lucia Imperatriz Fonseca, que vem desenvolvendo um grande trabalho com a meliponicultura do RN no cargo de professora convidada da UFERSA - RN, organizaram uma pequena visita aos meliponicultores da região de Mossoró. 


Figura 1: Os méis embalados pelo Sr. Paulo Menezes, que são comercializados no estado do RN
Figura 2: Um dos meliponários para produção de mel do Sr. Paulo Menezes. A caixa utilizada por ele é a modelo "nordestina".
Figura 3: Casa do mel do Sr. Paulo Menezes. No centro, um decantador de inox que é usado para separar as impurezas do mel. Nas garrafas de vidro o mel colhido fica em processo de "maturação".
Figura 4: Berguinho à frente de um de seus meliponários de Jandaíras.


Seguimos rumo à "Praia Redonda", localidade pertencente ao município litorâneo de Areia Branca. Lá encontramos com "Berguinho", meliponicultor bastante jovem, que herdou as caixas do pai (Figura 4). Com grande intusiasmo, Berguinho mostrou suas caixas de jandaíras, principal foco do seu trabalho, algumas moças brancas (Frieseomelitta doederleine) e jatis (Plebeia sp). Ele afirma que não tem muito tempo para cuidar das abelhas, por conta do trabalho, mas consegue tirar algum mel, que vende a conhecidos. Quando questionado sobre o manejo que faz nas caixas, logo coloca sua opinião: "se eu alimentar elas vão se acostumar, e vão parar de trabalhar!". 

Ainda em Areia Branca conhecemos alguns meliponicultores pequenos, que deixaram as abelhas um pouco de lado, como é o caso de um pescador já de idade, que por causa de um problema com sua mão, e da falta de interesse dos mais jovens de sua casa, já não cuida mais de suas Jandaíras. A surpresa boa ficou para o fim daquele dia, quando por meio das informações que Seu Paulo consegue, com muita habilidade, com o povo da região, encontramos o Sr. Mesquita. Com cerca de 70 caixas de Jandaíra, O Sr. Mesquita foi o meliponicultor mais organizado que encontramos. Ele mesmo confecciona suas caixas, que possuem uma qualidade e um acabamento que não encontramos em caixas de abelhas floradas sem ferrão, e toma o cuidado de pintá-las de cores diferentes para não confundir suas abelhas (Figura 5). 

Assim como o Berguinho, Mesquita não alimenta suas abelhas, mas com um outro argumento: "não preciso, sempre estão cheias de mel". E pelo que presenciamos lá em pleno início da época seca - quando faltam recursos para as abelhas - é a mais pura verdade. Por algum motivo, que desconfiamos ser a maior umidade do litoral, onde a seca não é tão severa, as abelhas não precisam de alimentação. E mais, segundo o meliponicultor, as abelhas produzem uma média de 2,5 litros de mel por ano. Um litro a mais que a média do Seu Paulo Menezes, que possui um manejo mais avançado de suas colônias, mas as mantém na caatinga do interior, onde a seca é maior. Outra hipótese levantada pela professora Vera Lucia é a de que as Jandaíras do litoral possam ser ligeiramente diferentes das abelhas do interior, mostrada entre outras caracteristicas, pela diferença de produção de mel. 

No dia seguinte, de volta a Mossoró, fomos a casa de um jovem, porém já experiente meliponicultor, Kalhil Pereira. Muito bem recebidos por ele e por sua mãe, fomos conhecer as abelhas que mantém em sua casa, dentro da cidade. Kalhil tem uma visão avançada da meliponicultura, e quer trazer os avanços e mudanças que os pesquisadores e meliponicultores tem atingido para os seus meliponários. Uma prova disso é a mudança no tipo de caixas que ele vem realizando. A caixa tipo "nordestina" é a mais comum entre os criadores de Jandaíra, sendo utilizada tradicionalmente há muito tempo pelos meliponicultores no Rio Grande do Norte (Figura 2). Apesar de funcionar perfeitamente para a criação da Jandaíra, a caixa nordestina apresenta algumas desvantagens em relação a uma adaptação das medidas da caixa modelo INPA feita pelo próprio Kalhil para acomodar a Jandaíra (Figura 6 e 7). Nesta caixa as divisões podem ser facilitadas, além da possibilidade da colocação de melgueiras, por onde pode ser retirado o mel com maior higiene e facilidade. Apesar destas caixas auxiliarem a produção de mel, o foco do Kalhil não é este. Ele é um grande comerciante de colônias de abelhas nativas, atividade que complementa consideravelmente a sua renda. 


Figura 5: O Sr. Mesquita (esquerda) e o Sr Paulo Menezes posam para foto ao lado do meliponário do Mesquita.
 
Figura 6: Modelo de caixa vertical utilizado por Kalhil na criação da Jandaíra.
Figura 7: A abelha Jandaíra se adaptou bem ao novo modelo de caixa. Aqui podemos ver uma cria forte, em uma época de escasses de recursos. Em um outro quadro de melgueira ficam os potes de alimento (no caso, retirado para foto do ninho).
 
Figura 8: Favos de cria da Jandaíra. A rainha aparece em destaque nas células superiores.


Finalmente visitamos a fazenda experimental da UFERSA, onde está sendo criada uma ótima infraestrutura para pesquisas em meliponicultura, bem como em apicultura. Lá os Professores Lionel Segui Gonçalves e a Vera Lucia Imperatriz Fonseca já reformaram e equiparam 2 locais de pesquisas com abelhas. 

Foi uma viagem bem curta, na qual grandes nomes da meliponicultura não foram visitados, como o Sr. Ezequiel Roberto Medeiros de Macedo, de Jardim do Seridó-RN, que possui centenas de colônias de Jandaíra, e infelizmente ficou de fora do nosso trajeto. Apesar disso pudemos ter uma boa visão da meliponicultura da região de Mossoró, onde a criação de abelhas nativas existe há muito tempo. Pudemos ver que na maioria dos casos esta é uma tradição passada de pais para filhos, feita na maioria das vezes como atividade de lazer ou fora de moldes produtivos. Porém, observamos o surgimento de criadores com novas idéias e visões sobre a meliponicultura, dispostos a fazer da atividade o próprio sustento, e que já viabilizaram a comercialização do mel da abelha nativa em grande escala. 

Sem esquecer que a grande protagonista, e principal responsavel pelas conquistas narradas acima, é a Jandaíra. Abelha forte, robusta, que resiste à seca e o calor do sertão nordestino, e produz uns dos méis mais saborosos já produzidos (Figura 8). 

Registro nossos agradecimentos aos meliponicultores que nos receberam muito bem, sempre dispostos a bater um bom papo e abrir as portas de suas casas, em especial ao Sr. Paulo Menezes, que além de tudo nos guiou pela região de Mossoró. À UFERSA pelo apoio durante a nossa visita, em setembro de 2010 e ao financiamento CAPES.

Criação de Abelhas Sem Ferrão - Cartilha para Baixar

Cartilha Abelhas Sem Ferrão

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Litoral Net


Biólogo explica como fazer a divisão de colmeias de abelhas Jataí


Jataí é uma abelha nativa, que dá um mel muito apreciado. 

Para a divisão é preciso ter uma colmeia forte e uma caixa vazia.

Do Globo Rural
Jataí é uma abelha nativa, sem ferrão, que dá um mel muito apreciado. Saiba como fazer outras colmeias a partir das que você já tem.
Para a divisão é preciso ter uma colmeia forte, com uma população forte estabilizada, e uma caixa vazia, onde será colocado parte do material biológico, no processo de multiplicação da colônia. “É importante que, num primeiro momento, a gente abra a colônia e localize uma célula especial, uma célula de cria, que vai conter uma rainha, que vai nascer uma rainha, para essa célula de cria a gente dá o nome de realeira ou célula de cria real”, explica o biólogo Alexandre Coletto.
Primeiro, o doutor Alexandre retira, com a ajuda de um instrumento usado por dentistas, o invólucro de cera e resina que as abelhas fazem para proteger o ninho. Tomando sempre cuidado para não furar os potes de mel e pólen que estão em volta.
Não demora muito e a gente encontra o ninho, com seus discos de cria. Com eles em mãos, doutor Alexandre procura o disco com a realeira.
A realeira é uma célula de cria até sete vezes maior do que as outras. “É importante que a rainha oficial dessa colmeia que a gente está dividindo fique nessa caixa, que a gente vai chamar de mãe, ou doadora de favos e, para filha, vá discos de cria nascentes e que contenham além das células normais, que vão dar origem as operárias, essa realeira aqui, essa célula de cria real. Na verdade eu não posso usar todo esse material, a gente tem que usar o bom senso, se eu tenho aqui, se eu tenho 10 discos aqui, eu vou pegar metade deles, desde que a realeira vá junto”, diz o biólogo.
Os discos são colocados do lado contrário ao furo da caixa, que serve de porta de entrada para as abelhas. “Praticamente eu já realizei a multiplicação, porque nesse lado aqui, eu não vi a rainha, porque na hora que a gente começou a movimentar, manipular a colmeia, ela já dá um jeito de correr lá para baixo, para se proteger”.
Para finalizar o trabalho, doutor Alexandre transfere para a caixa nova parte dos potes de mel e pólen da colmeia-mãe, sempre tomando muito cuidado para não furá-los. “A gente vai fixar esse material, para elas começarem a construção, isso serve de estímulo para elas começarem a construção. Se você conseguir tirar a metade, deixar a metade aqui e a outra metade passar para lá melhor”.
O biólogo fecha a caixa e veda com uma fita adesiva. Ele ainda transfere o tubo de cera que estava na entrada da colmeia-mãe para a colmeia-filha.
A colmeia recém-formada deve ser levada para o lugar da onde ficava a colmeia-mãe, para que as abelhas não confundam as colmeias e voltem para a caixa de onde saíram.
Na hora de manusear a caixa e os discos de cria, cuidado para não vira-los. Mantenha-os sempre em pé, na posição original. Caso contrário, você pode matar os ovos que estão lá dentro.

Litoral Net