domingo, 14 de agosto de 2011

Livreto para Crianças sobre a vida da Jandaíra



Livreto para Crianças sobre a vida da Jandaíra

Desenhado por Vaneide Nascimento

Existe um velho muito simpático chamado seu João. Este senhor mora em Brejinho, região serrana do município de São José do Sabugi, estado da Paraíba. Apesar do nome, a vegetação do local era composta por uma caatinga rala, com alguns remanescentes de árvores grandes, que faziam seu João lembrar da sua infância e juventude. Pedro, seu netinho, adorava ouvir as histórias que seu avô João lhe contava ao entardecer.

Vô João dizia que nos tempos em que era jovem havia muito mais árvores neste local: Braúnas, Imburanas, Catingueiras, Aroeiras e muitas outras. Mas então veio o ciclo do algodão mocó, o chamado ouro branco. Aí todo mundo começou a derrubar a caatinga para plantar algodão. Na época foi bom porque as pessoas vendiam o algodão e ganhavam dinheiro. Mas depois, parece até que por castigo, veio o besouro bicudo e acabou com tudo. E o pior é que a caatinga já tinha sido cortada, derrubada e a coivara feito cinza da vegetação.

Além disso hoje existe a pecuária, a retirada de lenha e o carvão. As pessoas ainda não sabiam, e muitas até hoje não sabem, que a maior riqueza do seridó está nas plantas da caatinga, na manutenção de um equilíbrio com as outras atividades do homem. As folhas e vagens da Catingueira, por exemplo, servem de alimento para o gado; seus troncos são usados para fazer cercas e mourões, estacas, lenha e até carvão. Suas folhas, flores e cascas servem para fazer chá para te curar quando você está com catarro, diarréia ou disenteria. Vô João levou Pedrinho para ver o grande pé de pau de Catingueira, que já tinha lá seus dois metros quando vovô era pequeno. Pois agora a árvore possuía uns 10 metros de altura e já tinha alimentado muito gado nos tempos de seca.


Essa história foi montada através de conversas com o sr. João, um morador da região


Mas o que seu João gostava de ver mesmo eram os muitos ninhos de amarela, zamboque, canudo e até de jandaíra que a velha Catingueira abrigava e protegia em seus ôcos. Por isso, vovô João, junto com seu neto Pedrinho, plantou um pé de Catingueira. Depois ensinou a Pedrinho como cuidar da árvore para que ela crescesse e ficasse tão grande e resistente quanto a velha Catingueira. Pois assim, além de sua refrescante sombra, ela serviria de abrigo para muitos ninhos de abelhas e também alimentaria muitos animais. Seu João contou também que até as flores da Catingueira serviam para alimentar as abelhas e estas, como que em troca de favores, polinizavam as flores aumentando a produção de vagens e sementes que, por sua vez, iriam produzir muitas outras novas árvores. Certo dia Pedrinho viu um casal de pica-pau fazendo ninho na velha Catingueira.

Saiu correndo em disparada para contar a seu avô que os pássaros estavam destruindo a árvore que ele, seu João, tanto gostava. Ao encontrar o avô já foi logo falando esbaforido, ao mesmo tempo que tentava retomar o fôlego. Qual não foi o seu espanto, quando seu João lhe disse para se acalmar e convidou-o para voltar à árvore e observar o casal de pica-paus cuidar da sua prole. Seu João lhe disse então que os pica-paus comiam os morotós e carunchos que furavam os troncos das árvores e seus ninhos, além de não matar as árvores, ajudavam a criar os ôcos onde as abelhas depois viriam construir suas moradas, e completar assim o ciclo de vida destas espécies.

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